Paradoxo dos dados: dados que não geram conhecimento ou percepções sem comprovação de dados?

Por Suzel Figueiredo

Tem tanta gente falando sobre dados, dizem até que é o novo petróleo. Quanta ironia! Petróleo é fonte de energia obsoleta, é caro, é poluente, gera conflitos, tudo o que a gente não quer.

Prefiro tratar os dados como pecinhas de Lego, um brinquedo que atravessa o tempo sem perder seu charme, sua graça e seu desafio. O Lego tem peças de diversas cores, tamanhos e formatos.

Cada peça é um dado, muitas peças formam um conteúdo, as mesmas peças arrumadas de outro jeito, formam conteúdos diferentes.

E assim, organizando os conteúdos com as peças-dado, podemos construir uma mesa, uma casa, uma rua, uma cidade. O que importa não é a peça (nem o dado), mas o que a gente faz com ela.

A vida dos profissionais de comunicação e marketing está repleta de dados, que nem sempre geram insights, nem conhecimento, nem mudança, nada. Servem para coisa nenhuma. E por que isso acontece?

Porque, assim como o Lego, antes de escolher o dado é preciso ter clareza do que se vai construir. E é aqui que você entra na brincadeira. Pense no seu desafio profissional, pense no que precisa resolver, qual público precisa conquistar. 

O que seria definido como sucesso?

A partir daqui, vamos selecionar quais dados você vai precisar conectar com o seu gabarito do sucesso. Vários dados podem gerar informações e várias informações conectadas e organizadas, geram conhecimento.

Só a título de exemplo aqui vai um dado: 43% dos colaboradores conhecem a estratégia da empresa YZW. Isso é bom ou ruim? A resposta certa é: depende. Depende se a estratégia é recente ou não, se tem muito turnover ou não, se na rodada anterior da pesquisa esse percentual era maior ou menor.

Depende da meta da área de comunicação, do perfil dos colaboradores, da conexão com a equipe operacional. Depende da clareza da mensagem, dos canais utilizados, da frequência da mensagem. Depende de muita coisa.

Quando essas variáveis são combinadas entre si elas explicam o fenômeno, gerando informação. Assim será possível entender que os colaboradores que mais conhecem a estratégia são aqueles que participaram da live do presidente. Já para os leitores da newsletter semanal, o grau de conhecimento foi muito baixo.

Outro dado: 58% da equipe de operação, que é a menos escolarizada, afirma ter conhecido a estratégia na série de vídeos disparados pelo whatsapp. 

Quando a gente conecta os dados, eles começam a nos contar uma história. E a essa história dá-se o nome de conhecimento. Agora ficou claro que quando se utiliza canais e formatos adequados ao público é grande a chance de sucesso.

O próximo passo é a inteligência, ou seja, o conhecimento utilizado na prática. O que será feito a partir do conhecimento gerado pelos dados. Mudar a abordagem, criar novos protocolos de comunicação, usar mais vídeos informais via whatsapp. Agora sim os dados fazem sentido.

Adotar uma gestão data driven não significa ter um monte de dados. É preciso saber o que fazer com eles. O caminho é claro.

Dado. Informação. Conhecimento. Inteligência. Vai na trilha!

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